Extraído do blog do Brito
Pelas próximas
décadas, a americana AEG (Anschutz Entertainment Group), maior empresa de
gestão de eventos do mundo, vai introduzir tecnologia nos estádios brasileiros
e gerir os eventos que serão realizados nas arenas nacionais — isso inclui, é
claro, jogos de futebol, mas também shows e cultos religiosos. Serão alvo da
administração da companhia os estádios da Baixada (do
Atlético Paranaense, em Curitiba), de Pernambuco (do
Náutico, em São Lourenço de Mata) — que receberão partidas da Copa das Confederações
e da Copa do Mundo — e do Palmeiras (em
São Paulo). O uso da tecnologia tanto vai se traduzir no lançamento de aplicativos
voltados ao público, que poderá, por exemplo, conferir o melhor trajeto para
chegar às arenas, quanto na adoção de sistemas de monitoramento nas
dependências dos estádios. O objetivo nesse caso é coibir a violência. Para
colocar tudo isso em prática, a AEG exibe a credencial de controlar 108 arenas
espalhadas pelo mundo, incluindo o Staples Center, de Los Angeles, onde joga o
poderoso Los Angeles Lakers. "Temos a obrigação de oferecer a melhor
experiência possível às pessoas que compram ingressos para acompanhar um jogo
de futebol ou um show ao vivo", diz Denise Taylor, chefe de tecnologia da
companhia americana, que visitou o Brasil recentemente para fechar novos
acordos. Confira a seguir a entrevista que ela concedeu a VEJA.com.
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Qual a relação
entre tecnologia e esporte para uma empresa como a AEG? Desde 2007, a tecnologia vem
promovendo impactos cada vez mais intensos na vida das pessoas, especialmente
com a popularização dos smartphones. Percebemos, então, a importância de nos
adaptar aos novos hábitos de consumo de nossos clientes. Com recursos de última
geração à disposição, eles não querem usar apenas voz e texto para compartilhar
com amigos momentos especiais vividos em um show ou jogo de futebol. Querem
divulgar fotos e vídeos em alta definição, diretamente do local do evento.
Devemos oferecer essa infraestrutura para que essas pessoas tenham condições de
fazer isso, pois a própria tecnologia que nos ajuda promoveu a popularização de
um grande rival: as TVs de alta definição, espalhadas por bares e residências,
que afastam o públicos dos eventos. Para vencer essa batalha, temos a obrigação
de oferecer a melhor experiência possível às pessoas que compram ingressos para
acompanhar um jogo de futebol ou um show ao vivo.
Denise Taylor,
chefe de tecnologia da empresa AEG
Essa estrutura pode
ser aplicada no Brasil? Sem
dúvida. Há alguns anos, fazemos parte dos principais eventos esportivos do
mundo, como as disputas da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Queremos
ampliar o conceito de que acompanhar um evento ao vivo, in loco, é muito mais atraente e agradável. Buscamos
ajudar na criação de arenas sustentáveis, seguras e altamente tecnológicas,
características já aplicadas em ligas americanas de esporte, como a de basquete
(NBA), futebol americano (NFL) e hóquei (NHL). Para tanto, trabalhamos em
estreita colaboração com os clubes e demais empresas para garantir a tecnologia
adequada às arenas.
Quais tecnologias
sua empresa pretende instalar nos estádios brasileiros? Para fornecer a melhor experiência
possível, a companhia tem trabalhado com as últimas tecnologias, como o Wi-Fi
público de alta velocidade e o uso da rede DAS (distributed antenna system, ou
sistema de antena distribuída), aumentando a capacidade e a cobertura de área
de celulares no local do evento. Esse recurso foi adotado com sucesso na última
edição da Copa do Mundo, em 2010, na África do Sul, e em 2012, nos Jogos
Olímpicos de Londres. Vamos também fixar uma série de aparelhos de TV de última
geração nos locais para que todos os presentes no estádio assistam ao jogo,
além de infraestrutura completa de monitoramento de todas as pessoas presentes
no evento, garantindo assim maior segurança.
Os estádios
brasileiros estão preparados para aplicar esses recursos? A maioria dos locais que vão abrigar
os jogos de futebol já tem os requisitos mínimos exigidos pela Fifa para adotar
sistemas de tecnologia de ponta. Eles servirão durante muitos e muitos anos aos
brasileiros. Nosso desafio é fazer desses locais, que concentram a energia impressionante
dos torcedores, um espaço seguro para todas as idades, já que às vezes a
violência afasta muitas pessoas dos estádios. Queremos o retorno das famílias
aos estádios.
Qual a estratégia
para dispositivos móveis, como tablets e smartphones? Vamos trabalhar no desenvolvimento de
aplicativos para fornecer a melhor experiência ao torcedor, como um serviço
para adquirir ingressos e até mesmo games. Queremos serviços móveis que
"conversem" com o torcedor, informando, por exemplo, qual o melhor
trajeto até o estádio ou mesmo o tempo que falta para o início de uma partida
ou show, caso o consumidor esteja nos arredores da arena.
Há poucas semanas,
um jovem morreu em um estádio na Bolívia, durante partida do Corinthians, ao
ser atingido por um sinalizador. A tecnologia de reconhecimento facial
poderia ser aplicada em estádios da Copa para para evitar tragédias como essa
ou identificar responsáveis? É
algo a ser discutido com a Fifa, uma vez que eles não compartilham conosco
todos os planos de segurança. Portanto, não podemos revelar a situação das
instalações das arenas da Baixada e de Pernambuco. Na arena Palmeiras, o
recurso estará disponível. Teremos um serviço capaz de identificar e monitorar
todos os torcedores presentes nos estádios, facilitando assim o trabalho de
segurança.
A AEG será
responsável pela venda dos "naming rights" (pelo qual uma empresa
paga pelo direito de batizar uma arena com sua marca) juntamente com os
clubes? Sim. Estamos
trabalhando em colaboração com eles para maximizar o potencial de receita
desses locais.
A rede 4G de
telefonia móvel chegará aos estádios? Infelizmente, não temos condições de auxiliar na definição do uso de
tecnologias 3G ou 4G durante as disputas da Copa das Confederações e do
Mundial. Isso não é de nossa responsabilidade. De qualquer maneira, tivemos um
enorme sucesso ao adotar a tecnologia LTE (Long Term Evolution), do 4G, em
vários locais, inclusive o Staples Center, em Los Angeles. No Brasil, a LTE
deve permitir velocidades mais de dez vezes superiores às alcançadas atualmente
pelo 3G – geração que usa o padrão High Speed Packet Access (HSPA).
E nos próximos
anos, o que podemos esperar da combinação entre tecnologia e esporte? Graças ao rápido crescimento do acesso
à internet a partir de dispositivos móveis, torcedores terão mais e mais
condições de usar smartphones ou tablets diretamente dos estádios para
acompanhar todos os detalhes de uma partida. Sistemas interativos serão cada
vez mais comuns. Imagino que no futuro teremos empresas fornecendo, por
exemplo, vídeos exclusivos e dedicados aos torcedores presentes no estádio, com
conteúdos exclusivos como replays de lances ou cruzamento de dados para que o
próprio torcedor tenha condição de administrar um time.
Fonte :Veja
Entrevista: Denise
Taylor.
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