O deputado Justo Veríssimo é uma personagem criada pelo
incomparável escritor e humorista Chico Anysio com o objetivo de reunir e
encarnar os principais vezos do mau político – corrupção, arrogância,
venalidade, arbítrio, truculência. Mas Justo está um degrau acima de seus
competidores de carne e osso: ao invés de tentar dissimular o caráter (ou a
falta dele), o político assume o que é e defende de peito aberto suas ideias
polêmicas.
Em tempos de garantismo tupiniquim – aquele que acha normal
um assassino condenado permanecer fora das grades até o último recurso
protelatório -, profunda crise de valores e apatia generalizada das
camadas sociais mais instruídas, a esquete abaixo serve de divertido convite à
reflexão. Roubar, matar e corromper é o certo; o resto é estupidez. Ser
rico a qualquer preço é única meta. Trata-se de atualização algo extremada do
refinado humor de Stanislaw Ponte Preta:“ou restaure-se a moralidade ou
locupletemo-nos todos!”.
Depois do fracasso da monarquia, da democracia, da oligarquia e
até da plutrocracia, Justo Veríssimo propõe a um entusiasmado auditório de
seguidores a adoção no Brasil da corruptocracia – um regime em que as mamatas e
desvios de recursos são institucionalizados e a honestidade é algo proibido.
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