Nota Técnica apresentada no Ipea analisou dados do Sistema
de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da Saúde
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Encerrando o Mês da Mulher, o Ipea realizou nesta
quinta-feira, 27, um seminário em Brasília para apresentação de estudos que
tratam da violência contra o sexo feminino. Além de uma edição do Sistema de
Indicadores de Percepção Social, foi apresentada a Nota Técnica Estupro no
Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde. É a primeira pesquisa a
traçar um perfil dos casos de estupro no Brasil a partir de informações de 2011
do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da Saúde
(Sinan).
Com base nesse sistema, a pesquisa estima que no mínimo 527
mil pessoas são estupradas por ano no Brasil e que, destes casos, apenas 10%
chegam ao conhecimento da polícia. A Nota Técnica é assinada pelo diretor de
Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia, Daniel
Cerqueira, que fez a apresentação, e pelo técnico de Planejamento e Pesquisa
Danilo Santa Cruz Coelho.
Os registros do Sinan demonstram que 89% das vítimas são do
sexo feminino e possuem, em geral, baixa escolaridade. Do total, 70% são
crianças e adolescentes. “As consequências, em termos psicológicos, para esses
garotos e garotas são devastadoras, uma vez que o processo de formação da
autoestima – que se dá exatamente nessa fase – estará comprometido, ocasionando
inúmeras vicissitudes nos relacionamentos sociais desses indivíduos”, aponta a
pesquisa.
Em metade das ocorrências envolvendo menores, há um histórico
de estupros anteriores. Para o diretor do Ipea, “o estudo reflete uma ideologia
patriarcal e machista que coloca a mulher como objeto de desejo e propriedade”.
Ainda de acordo com a Nota Técnica, 24,1% dos agressores das crianças são os
próprios pais ou padrastos, e 32,2% são amigos ou conhecidos da vítima. O
indivíduo desconhecido passa a configurar paulatinamente como principal autor
do estupro à medida que a idade da vítima aumenta. Na fase adulta, este
responde por 60,5% dos casos.
Em geral, 70% dos estupros são cometidos por parentes,
namorados ou amigos/conhecidos da vítima, o que indica que o principal inimigo
está dentro de casa e que a violência nasce dentro dos lares. A pesquisa também
apresenta os meses, dias da semana e horários em que os ataques costumam
ocorrer, de acordo com o perfil da vítima.
Leia o texto (Nota Técnica): Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde
(versão preliminar)
Leia o texto (SIPS): Tolerância social à violência contra as mulheres
Fonte: Ipea
EcoDebate, 28/03/2014
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