Por Alysson Muotri
|
Comparo as
manifestações recentes com o surgimento da consciência pelas redes nervosas.
Durante o desenvolvimento, bilhões de neurônios no cérebro do bebê possuem
pequenas atividades elétricas que contribuem para decisões básicas do corpo
humano. Muitas dessas decisões acontecem de forma inconsciente, como respirar,
por exemplo. Conforme o bebê cresce e seu cérebro amadurece, passa a se interessar
pelo mundo ao seu redor, focando em ações ou objetos de interesse.
Ao direcionar a
atenção para algo específico, os impulsos individuais de cada neurônio
sincronizam para executar determinada atividade, a busca por um brinquedo atrás
do sofá. O estimulo de reinforçamento compensatório positivo (o sorriso do
pai), contribui para que a ação deixe de ser inconsciente e torne-se agora
voluntária, estabelecendo o que pode ser chamado de principio da consciência
humana.
Acredito que o
estopim das manifestações pelo Brasil fora gerado através de um outro tipo de
sincronia, oriundo das redes socais pela internet. O brasileiro cresceu e
finalmente percebeu que pode usar as redes sociais como ferramenta politica.
Hoje é relativamente fácil e rápido reunir milhares de pessoas em um local
planejado para lutar por um objetivo comum, no caso a insatisfação politica
(bom, pelo menos na minha perspectiva…).
Ainda sem saber
direito aonde é que essa manifestação vai terminar, consigo prever que o povo
brasileiro possa também usar dessa consciência para outros fins. Na ciência
especificamente, as redes sociais tem sido usadas como “crowdfunding”, para
gerar suporte financeiro a determinado projeto ou mesmo para engajar o público
na geração de dados científicos. Projetos populares incluem o uso de uma
pequena parcela da memória de computadores pessoais na busca de vida
extraterrestre pela NASA e jogos online cujos participantes auxiliam na
modelagem tridimensional de proteínas de interesse humano.
No Brasil, acho que
o melhor uso dessa nova consciência coletiva estaria na luta por melhorias na
educação, pesquisa e saúde –menosprezadas por muito tempo. Deveríamos lutar por
investimentos nessas áreas equivalentes aos investimentos feitos na Copa ou
Olimpíadas, com formação de mais profissionais e com melhores salários,
hospitais e laboratórios padrão FIFA, centros de pesquisa em prédios reformados
com tecnológicas de ultima geração e todas as exigências e rigor que o povo
brasileiro merece. Ao contrário da Copa ou Olimpíadas, esse investimento teria
um retorno muito maior e por um período mais longo, gerando patentes e futuros
investimentos. Além disso, aumentaria a autoestima e visibilidade de nosso
pais. Quer maior patriotismo do que investir no próprio brasileiro? O brasileiro
agora sabe que pode guiar o grau de investimento e prioridades dada pelo
governo, sem precisar acatar e baixar a cabeça com decisões políticas com baixo
interesse social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário