As
manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas do País tinham
reivindicações sociais diversas (saúde, educação, transporte), aliadas a
críticas contra a corrupção e um novo grito de guerra praticamente comum: “sem
partido”. Militantes de legendas que levavam bandeiras à concentração na
Candelária, para a passeata do centro do Rio, por exemplo, foram recebidos com
vaias e palavras de ordem.
“O povo,
unido, não precisa de partido”, gritaram os manifestantes apartidários para um
grupo que levava bandeiras do PSTU, PCB e PC do B e descia a Rua Uruguaiana na
direção à Avenida Presidente Vargas. “Sem partido”, repetiam os manifestantes
contrários à partidarização. “Sem fascismo”, respondiam os militantes
partidários.
Bandeiras
abaixo O secretário
nacional da Juventude do PT, Jeferson Lima, de 26 anos, reagiu às vaias dos
manifestantes na Avenida Paulista, afirmando que o discurso apartidário é uma
estratégia de ultraconservadores para desgastar a sigla. Lima afirmou que a
pressão da agremiação ajudou a reduzir a tarifa. “Não seria esse discurso
antipartidário que convenceria o (prefeito Fernando) Haddad (PT)”, disse. Mesmo
assim, militantes do partido tiveram de formar uma corrente-humana ao redor das
bandeiras da legenda.
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O PSTU e a
Juventude do PT , além da Central Sindical Conlutas, foram rechaçados pela
multidão que começou a caminhar pelas ruas centrais do Recife às 15h45 e
tiveram de baixar as bandeiras. Alguns manifestantes do PSTU chegaram a gritar
que “censura é ditadura”. Houve um início de confronto e os partidos saíram de
cena.
Situação
semelhante foi vista em Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena, onde quem
coordenava a multidão pedia que as bandeiras políticas fossem abaixadas. E
ouvia de volta: “Bandeira na mão, liberdade de expressão.” Mais uma vez, os
apartidários venceram a discussão.
Em
Florianópolis, a divisão foi literal. Após discussão, as bandeiras políticas
seguiram para a Prefeitura e os demais, para a Assembleia. Em diversas cidades,
como Goiânia, o único estandarte onipresente era a Bandeira Nacional - e se
ouviam o Hino Nacional e o “Vem para a Rua” de uma campanha publicitária.
Mas não
faltaram críticas à presença do PT de criar uma onda vermelha, até de outros
partidos. “É tentativa tardia de participar de um processo do qual não se
legitimaram. Aqui é um movimento de oposição aos partidos que estão no poder”,
disse Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL. Mas os próprios militantes do
partido eram hostilizados e entraram em discussões com integrantes do Movimento
Passe Livre, que reiteraram: “Aqui é sem partido!”.
Políticos
abaixo O sentimento “antipolítica” não se restringia aos políticos, mas
mirava líderes do Executivo e do Legislativo em todo o País. Em Brasília,
muitos cartazes falavam em “buscar a Dilma” e destacavam: “Nós somos o Primeiro
Poder.” No Rio, o cartaz levado por uma jovem de 18 anos, que pediu para não
ser identificada, também resumia esse sentimento. “Sou neta de político e ele
não me representa”, dizia a mensagem, escrita com tinta verde e amarela. “Não apoio
as ações dele. Está na cara para todo mundo, até para a gente que é da
família.” (Colaboraram , Luciana Nunes Leal e Heloisa Aruth Sturm)
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