Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Um novo método
desenvolvido por pesquisadores brasileiros e norte-americanos permitirá mais
rapidez e precisão no diagnóstico da leucemia e melhorará o monitoramento da
resposta do organismo ao tratamento de quimioterapia.
Participaram do estudo dois
cientistas brasileiros do Centro de Terapia Celular (CTC) da Universidade de
São Paulo (USP) e mais cinco dos institutos nacionais de Saúde dos Estados
Unidos.
Hoje, para o diagnóstico de
câncer, os laboratórios citogenéticos analisam as alterações estruturais dos
cromossomos nas células. Com o método, as células são examinadas uma a uma no
microscópio, permitindo a análise de apenas 20 delas. O novo método usará o
mesmo processo, mas terá capacidade de analisar até 30 mil células em menor
tempo.
Segundo Rodrigo Calado,
professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da USP, que participou da pesquisa, o novo método usa um
aparelho chamado citômetro de fluxo, que, atualmente, faz exames de linfócitos
em pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou com
fibrose pulmonar e anemia aplástica – ocasionadas por anormalidades nos
telômeros, extremidades dos cromossomos.
A novidade é que os cientistas
descobriram uma nova aplicação para o aparelho, no diagnóstico e monitoramento
do câncer de sangue, sendo a leucema o mais prevalente. Eles decidiram combinar
o citômetro de fluxo com o método antigo, chamado de fluorescência, melhorando
a eficiência do processo. “Combinamos os dois para poder analisar uma grande
quantidade de células”, disse Calado.
O professor conta que já usou
o citômetro de fluxo experimentalmente em diagnósticos de pacientes com câncer.
Ao usá-lo, os pesquisadores notaram que o aparelho pode também ajudar o médico
a observar a resposta ao tratamento do câncer. “Se havia, no começo, 100% de
células com alteração no cromossomo e, com o passar do tempo, o número diminuiu
para 1%, isso indica que o tratamento está sendo efetivo”, explicou.
O método pode ainda auxiliar
indicando se a quimioterapia possibilitou a cura total do paciente. “Se com o
passar do tempo, [o paciente] ainda tem 1% de células com alteração
cromossômica, isso sugere que o tratamento, embora tenha tido uma resposta, não
foi completo. Isso porque [o paciente] ainda tem células do câncer presentes em
circulação”, observou.
De acordo com Calado, o
desenvolvimento do método levou dois anos. O pesquisador estima que o novo
diagnóstico esteja disponível para a população em três ou quatro anos. “Os
laboratórios têm que adaptar o que já existe para poder fazer esse método, e
isso leva tempo”, disse. Ele estima que, quando chegar ao mercado, o teste
com o novo método custe em torno de R$ 500 por paciente.
Edição: Lana Cristina
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