Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo- A dieta dos
prazeres à mesa pode ser uma ameaça à saúde se a escolha do cardápio não for
bem diversificada no dia a dia. O alerta é do cirurgião oncologista Samuel
Aguiar Júnior, diretor do Núcleo de Tumores Colorretais do Hospital A.C.
Camargo, hospital referência no tratamento de câncer.
De acordo com o médico, embora
não se possa fazer uma associação direta de casos de câncer de intestino com o
hábito alimentar, existem evidências de que os riscos de se contrair a doença
aumentam nos grupos populacionais onde é exagerado o consumo de carnes,
principalmente das processadas, enquanto se deixam de lado as fibras vegetais,
as frutas e as verduras.
O oncologista esclareceu que
os experimentos com animais ainda não puderam esclarecer de maneira convincente
qual o real impacto sobre a saúde a que estão sujeitas as pessoas que não abrem
mão da carne em suas refeições. “[No entanto], existe evidência científica de
que padrões em que há excesso de consumo de carne vermelha e excesso contrário
de não consumir frutas e verduras aumentam o risco”.
Dados do Instituto Nacional do
Câncer (Inca) mostram que os casos de câncer colorretal (tumores encontrados no
intestino grosso e no reto) têm, na maioria das vezes, tratamento e cura quando
detectados no início. A doença aparece quase sempre em pólipos - lesões
benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. A retirada
desses pólipos é o procedimento correto para evitar que se transformem em
tumores malignos.
A taxa estimada de incidência
da doença divulgada pelo Inca em relação a este ano e também para 2013 oscila
entre 14,23 e 26,19 novos casos a cada grupo de 100 mil homens e de 15,66 a
28,38 novos casos para as mulheres,. As maiores incidências previstas
concentram-se em duas localidades: São Paulo, com 26,19 casos a cada grupo de
100 mil homens e de 25,63 referente às mulheres, e no Rio Grande do Sul, onde
foi estimado 25,38 em relação às mulheres e 23,04 novos casos para os homens.
Perguntado se a população
japonesa, que segue à risca a culinária baseada em vegetais e peixes, estaria
em vantagem no quesito saúde, o médico respondeu que, entre os japoneses, há
alta incidência de câncer de estômago causada pelo consumo de alimentos
armazenados em conservas e muito salgados. O ideal é a combinação de uma dieta
balanceada com frutas, verduras, legumes de forma mais natural possível e até
carne, aliado a exercícios físicos.
“A gente fala muito hoje de
balanço energético. Mas há uma diferença entre o que você ingere e o que você
gasta. Então você pode até ter uma dieta calórica, mas se você gastar muito,
você, teoricamente, está compensado. Você pode ter uma dieta pouco calórica,
mas se for sedentário, então, você não está protegido. São muitos fatores
associados. Quando você associa a fumo, aí você tem uma bomba relógio maior. É
muito difícil você identificar um fator único e isolado para câncer de
intestino”
O médico salienta que
alimentos inadequados, sedentarismo, excesso de álcool e tabagismo por um
período prolongado contribuem para a pessoa vir a desenvolver a doença. A
grande maioria dos casos surge em pessoas acima dos 50 anos. Apesar de mais
raros, observa Samuel, há registro também entre os jovens e, sempre que isto
ocorre, desconfia-se da possibilidade de ser um problema hereditário. A
incidência , contudo, de fatores genéticos, herdados de pai para filho, por exemplo,
responde por apenas 10% dos casos.
Até “o velho e bom chimarrão”,
muito apreciado pelos habitantes do Sul do país, principalmente, entre os
gaúchos, moradores de algumas regiões do Paraná e pelas populações da Argentina
e do Uruguai, aparece como um fator de risco, mas para câncer de esôfago. No
entanto, são só evidências que não estão relacionadas à erva e sim ao costume
de se tomar a bebida muito quente. “Essa evidência, porém, não é tão forte
assim”, diz o médico.
Edição: Fábio
Massalli
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