Assinada em 2008, a Estratégia Nacional de Defesa (END)
prevê o reaparelhamento das Forças Armadas do país em busca de desenvolvimento
e projeção internacional, mirando a conquista de um assento permanente no
Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto,
poucas medidas previstas no decreto tiveram avanços desde então.
O Exército, que possui o maior
efetivo entre as três Forças (são 203,4 mil militares), está em situação de
sucateamento. Segundo relato de generais, há munição disponível para cerca de
uma hora de guerra.
O Exército usa o mesmo fuzil,
o FAL, fabricado pela empresa brasileira Imbel, há mais de 45 anos. Por motivos
estratégicos, os militares não divulgam o total de fuzis que possuem em seu
estoque, mas mais de 120 mil unidades teriam mais de 30 anos de uso.
Carros, barcos e helicópteros
são escassos nas bases militares. O índice de obsolescência dos meios de
comunicações ultrapassa 92% - sendo que mais de 87% dos equipamentos nem pode
mais ser usado, segundo documento do Exército ao qual se teve acesso. Até o
início de 2012, as fardas dos soldados recrutas eram importadas da China e
desbotavam após poucas lavadas.
A Estratégia Nacional de Defesa elencou entre os
pontos-chave a proteção da Amazônia, o controle das fronteiras e o
reaparelhamento da tropa, com o objetivo de obter mobilidade e rapidez na
resposta a qualquer risco. Defesa cibernética e recuperação da artilharia
antiaérea também estão entre os fatores de preocupação.
Um centro de defesa contra
ataques virtuais começou a ser instalado pelo Exército em 2010, em Brasília,
mas ainda é enxuto e não conseguiu impedir ataques a uma série de páginas do
governo durante a Rio+20, em junho deste ano.
O Sistema Integrado de
Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), iniciativa que busca vigiar mais de 17
mil quilômetros de divisas com 10 países, começará a ser implantado ainda em
2012, com um teste na fronteira do Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia.
FALTA MUNIÇÃO
Dois generais da alta cúpula, que passaram para a reserva recentemente, afirmaram ao G1 que o Brasil não tem condições de reagir a uma guerra. “Posso lhe afirmar que possuímos munição para menos de uma hora de combate”, diz o general Maynard Marques de Santa Rosa, ex-secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa.
“A quantidade de munição que
temos sempre foi a mínima. Ela quase não existe, principalmente para pistolas e
fuzis. Nossa artilharia, carros de combate e grande parte do armamento foram
comprados nas décadas de 70, 80. Existe uma ideia errada de que não há ameaça.
Mas se ela surgir, não vai dar tempo de atingir a capacidade para reagir”,
alerta o general Carlos Alberto Pinto Silva, ex-chefe do Comando de Operações
Terrestres (Coter), que coordena todas as tropas do país.
“Nos últimos anos, o Exército só tem conseguido adquirir o
mínimo de munição para a instrução. Os sistemas de guerra eletrônica (rádio,
internet e celular), a artilharia e os blindados são de geração tecnológica
superada. Mais de 120 mil fuzis têm mais de 30 anos de uso. Não há recursos de
custeio suficientes”, diz Santa Rosa. Ele deixou o Exército em fevereiro de
2010, demitido por Lula após chamar a Comissão da Verdade, que investiga casos
de desaparecidos políticos na Ditadura, de “comissão da calúnia”.
Fonte: 180graus.com
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