Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Dados do
Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que, todos os anos, cerca de 9 mil
casos de câncer infantil são detectados no país. Os tipos mais comuns são a
leucemia (doença maligna dos glóbulos brancos) e os linfomas (que se originam
nos gânglios). A boa notícia é que o diagnóstico precoce e a quimioterapia,
juntos, representam a principal arma contra a doença e permitem índices de cura
que chegam a 80%.
No Dia Nacional de
Combate ao Câncer Infantojuvenil, lembrado hoje (23), a onco-hematologista e
diretora técnica do Hospital da Criança de Brasília, Isis Magalhães, lembrou
que a doença em crianças é diferente da diagnosticada em adultos. Nas crianças,
as células malignas são geralmente mais agressivas e crescem de forma rápida.
Os tumores dificilmente são localizados e o tratamento não pode ser feito com
cirurgia, destacou a especialistas, em entrevista à Agência Brasil.
Outra peculiaridade
do câncer infantil é que não há forma de prevenção, uma vez que não é possível
explicar a razão do surgimento dos tumores. Isis alertou que os sinais da
doença podem ser facilmente confundidos com os de quadros bastante comuns em
crianças, como infecções. Alguns exemplos são o aparecimento de manchas roxas
na pele e anemia. Os sintomas, entretanto, devem se manifestar por um período
superior a duas semanas para causar algum tipo de alerta.
“É preciso saber
identificar quando aquilo está passando do limite e quando é normal. Afinal,
qual criança não tem uma mancha roxa na canela de vez em quando? Dependendo da
situação, a lista de sinais causa mais desespero nos pais do que ajuda”,
explicou. A orientação, segundo ela, é levar as crianças periodicamente ao
pediatra.
Isis também defende
que os próprios oncologistas pediátricos orientem profissionais de saúde da
rede básica sobre os sinais de alerta do câncer infantil. A ideia é que o
pediatra geral e o agente de saúde, por exemplo, sejam capazes de ampliar seu
próprio grau de suspeita, prescrever exames mais detalhados e, se necessário,
encaminhar a criança ao especialista.
“A doença não dá
tempo para esperar. É preciso seguir o protocolo à risca, porque essa é a
chance da criança. O primeiro tratamento tem que ser o correto”, disse. Isis
destacou também a importância de centros especializados de câncer infantil, já
que a doença precisa ser combatida por equipes multidisplinares, compostas por
oncologistas, pediatras, neurologistas, cardiologistas, infectologistas e mesmo
psicólogos, odontólogos e fisioterapeutas, além do assistente social.
Luziana Alves de
Carvalho, de 29 anos, conhece bem essa rotina de especialistas e exames
oncológicos. O filho Madson foi diagnosticado com leucemia pela primeira vez
quando tinha apenas 3 anos. Enfrentou sessões de quimioterapia, ficou livre da
doença, mas, aos 7 anos, ela voltou. Durante os quatro anos de luta contra o
câncer, o menino só conseguiu frequentar o primeiro ano da pré-escola.
Antes de iniciar o
tratamento na capital federal, a família morava no município de Santa Maria da
Vitória (BA). “Nunca tinha ouvido falar em leucemia. Nem sabia muito bem o que
era o câncer. No interior, não temos essas coisas. Os médicos diziam que ele
tinha uma infecção na garganta ou uma virose”, contou Luziana. Os sintomas
iniciais apresentados pelo menino eram manchas roxas no corpo, dor de estômago
e muito cansaço.
Atualmente, Madson
está bem de saúde. A próxima sessão de quimioterapia está prevista para o dia 4
de dezembro e a última deve se ser em janeiro de 2013. Os planos de Luziana
para o Ano-Novo da família incluem voltar para a Bahia com o filho curado e
matricular o menino na escola. “Ele sente muita falta de casa e chora pedindo
para assistir à aula. Se Deus quiser, vai dar certo.”
Edição: Tereza
Barbosa
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