Gabriel Palma
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As obras
relacionadas à Copa do Mundo de 2014 pretendem ser usadas como forma de abrir o
mercado de trabalho e de capacitação profissional para presidiários. No
entanto, a contratação de detentos e ex-detentos ainda não alavancou.
Um termo de cooperação firmado
entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Comitê Organizador Local, o
Ministério dos Esportes e os governos das cidades-sede prevê que 5% das vagas
sejam destinadas a detentos e ex-detentos em obras de infraestrutura com mais
de 20 operários. Das12 cidades-sede, apenas seis já tem detentos trabalhando
nos estádios: Natal (RN) e Salvador (BA), ambas com oito; Fortaleza (CE), com
11; Cuiabá (MT), com 12; Brasília (DF), com cinco, e Belo Horizonte (MG), com
13.
Segundo o coordenador do Departamento
de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do CNJ, o juiz Luciano
Losekann, construtoras e governos das outras cidades estão sendo cobradas para
que façam as contratações. “O processo é muito lento devido a burocracia do
Estado e a falta de informação do programa pelas empresas”, avaliou.
Uma cartilha do CNJ, focada ao
empregador, informa sobre os diversos incentivos legais para quem contrata
presos, como a isenção do pagamento de férias, décimo terceiro salário e Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A remuneração mínima corresponde a três
quartos do salário mínimo. Losekann disse, entretanto, que as empresas têm pago
salário igual ao dos demais trabalhadores, para evitar discrepâncias e
preconceito.
Na obra do Estádio Nacional
Mané Garrincha, em Brasília, os cinco beneficiados pelo programa exercem função
de limpeza. Quatro deles estão em regime semiaberto. A rotina começa às 5h
quando deixam o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), localizado no Setor
de Indústria e Abastecimento (SIA). A jornada de trabalho vai das 7h as 16h no
estádio. Ao fim do dia, voltam para o centro. Há dez meses no regime
semiaberto, Paulo Henrique Cardoso Ferreira, 26 anos, trabalha nos serviços
gerais no salão de alimentação. No sete meses na função, o preso avalia a
oportunidade como positiva. “É a forma que eu tenho para me reinserir na
sociedade. Creio que vou estar empregado quando sair daqui a seis meses”,
disse.
Também no semiaberto, Flávio
Fernandes, 27 anos, trabalha há seis meses como auxiliar de cozinha na obra.
Ele espera ser contratado quando estiver em prisão domiciliar. Condição que foi
alcançada por Antônio Silva, 33 anos. Depois de ficar preso por oito anos,
sendo seis no regime fechado, ele é lavador de panelas e já se considera “de
volta à sociedade”.
Antônio ressaltou que não
sofreu nenhum tipo de preconceito no local de trabalho. “O pessoal acolheu a
gente. Tivemos acesso livre igual aos outros funcionários. Eu gosto das pessoas
daqui.” O fim das obras do estádio não significa desemprego para Antônio, pois
a cantina será montada em outras obras.
Fabiano Fernandes, 36 anos,
disse que, embora a saída do semiaberto esteja marcada para o início de 2013,
ele pretende sair ainda este ano, referindo-se à redução de um dia da pena por
cada três trabalhados, um dos benefícios do programa. “Quero cuidar da minha
filha de 10 anos, que é a minha vida”, explicou.
Edição: Carolina
Pimentel
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